2023 /1 – Ancestralidade
Na primeira noite do Festival de Parintins de 2023, uma figura mítica e emblemática emergiu do fundo das águas para nos alertar sobre as ameaças que pairam sobre os rios e lagos da Amazônia. A Tapiraiauara, guardiã das águas, simboliza a proteção de todas as formas de vida aquática contra a devastação e a exploração desenfreada daqueles que não respeitam o meio ambiente. Sua presença foi um poderoso chamado de atenção para a grave situação dos nossos recursos hídricos e a necessidade urgente de conscientização e ação.
Segundo relatos dos pescadores que habitam o Lago da Valéria, próximo à Serra de Parintins, a Tapiraiauara possui a forma de uma onça aquática. Ao emergir das profundezas, ela traz consigo ventanias que anunciam o perigo, como um prenúncio de desgraça. Sua aparição é um sinal de alerta para todos que, de alguma forma, desrespeitam os rios, as florestas e os ecossistemas vitais que sustentam a vida na Amazônia. A Tapiraiauara é, portanto, a manifestação do espírito protetor que habita as águas da região.
A destruição dos rios, a poluição das águas e a extinção das espécies aquáticas não afetam apenas a flora e a fauna local, mas têm implicações globais, comprometendo os ciclos naturais que sustentam a vida em todo o planeta. A mensagem da Tapiraiauara é clara e urgente: é preciso agir antes que o desequilíbrio causado pela exploração predatória se torne irreversível.
Ao celebrar a Tapiraiauara no Bumbódromo, o Boi Caprichoso não apenas homenageia uma figura mitológica, mas também reafirma o compromisso de ouvir os gritos que vêm das águas e agir para assegurar que as gerações futuras possam desfrutar da Amazônia em toda a sua plenitude. Que a força da Tapiraiauara nos inspire a sermos guardiões de nossas próprias águas, a proteger o que é nosso e a lutar por um futuro mais sustentável e justo para todos.
