Uma luta que seres e imaginários que lutam contra a ameaça de garimpeiros, madeireiros e pecuaristas, o Boi Caprichoso foi pioneiro no festival em exaltar a biodiversidade e denunciar os agentes de destruição, o boi torna toda a comunidade una para o grito pela vida se conectando com a Lenda Amazônica da Kaaporanga.
A Lenda de Kaaporanga: Mito e Cultura de Nova Olinda do Norte
A Amazônia é o berço de inúmeras lendas e histórias. Entre essas narrativas, a lenda de Kaaporanga se destaca, sendo um dos mitos que revelam o profundo vínculo entre o povo da região e a natureza. Oriunda do município de Nova Olinda do Norte, no estado do Amazonas, esta lenda reflete a conexão espiritual e cultural dos povos indígenas com a terra e os seres que nela habitam.
A Kaaporanga é uma figura central dentro das lendas da Amazônia, associada ao povo Ka’apor, um dos grupos indígenas que habitam a região do médio Rio Amazonas.No entanto, Kaaporanga quando é desafiada por forças externas, suas entidades protegem a floresta de invasões externas.
Ao som da toada Sentinela da Floresta
“Ela vem com legiões de guardiões
Para proteger a terra-floresta
És a senhora, o espírito da mata
Ser sobrenatural, do tempo imortal
Sentinela dos labirintos da selva
Seu olhar guarda cada lugar
Sua natureza assola os males
Vem com seres descomunais
(Sentinela dos labirintos da selva)
(Seu olhar guarda cada lugar)
Sua natureza assola os males
Vem com seres descomunais
Falange de titãs, morada de Waurã
Anhangá, Juma, Curupira, Tapira’yawara, Yanawy
Waurá-Anhangá, Mapinguari, Çukuywera
Por séculos, protegem e cuidam da terra-mãe
Ka’apora’rãga, Ka’apora’rãga
Parida do ventre de Pachamama
Ka’apora’rãga, ka’apora’rãga
Vem com teus servos afugentar
Senhora da mata, espírito da mata
Senhora da mata!”
A transformação de Kaaporanga não é apenas um simples elemento mágico da lenda. Ela reflete a resistência do povo indígena frente à exploração desmedida das riquezas naturais da região. Kaaporanga, ao se tornar o Boi Caprichoso, também representa a memória ancestral dos povos da floresta e sua capacidade de renovação e resistência.
A lenda de Kaaporanga ganhou novos contornos com o Festival de Parintins, com os trabalhos de Marialvo Brandão e Roberto Reis, o ato começa com uma celebração folclórica e aos poucos surgem grileiros, garimpeiros e a transformação na arena começa dando passagem à Cunhã-Poranga Marciele Albuquerque.
A lenda nos lembra da importância de preservar a natureza e de respeitar os seres que nela habitam. Em Nova Olinda do Norte, e em diversas outras regiões da Amazônia, a lenda de Kaaporanga é uma maneira de manter viva a memória ancestral dos povos indígenas e de educar as futuras gerações sobre a importância de respeitar a floresta e suas riquezas. A história também reafirma a conexão espiritual entre os seres humanos e a terra, um princípio fundamental das culturas indígenas. Ela é uma representação poderosa da resistência, da relação com a natureza e do papel crucial que as lendas desempenham na preservação da cultura e dos valores de uma comunidade. Através dessa narrativa, o povo de Nova Olinda do Norte, bem como os habitantes de toda a região amazônica, mantém viva a memória de suas origens e a luta pela preservação do meio ambiente.
