O ritual indígena é a representação da esfera espiritual dos povos originários por meio do Item 12, o Pajé, que interage com a natureza e os seres sobrenaturais.
Na primeira noite do Festival de Parintins de 2022, o Boi Caprichoso trouxe para a arena o Ritual Indígena Sucaí, o Tupã da Friagem.
Na encenação, Curupira surge na aldeia com seus assobios, anunciando a chegada da friagem trazida por Sucaí. Diante desse presságio, o Pajé inicia suas preces, utilizando o rapé e comandando o ritual de proteção contra o frio. No entanto, uma mulher da aldeia se recusa a seguir a tradição e rejeita o uso do rapé. Conforme os ventos se intensificam, ela sofre os efeitos da friagem, em um tormento tão extremo que, num ato desesperado, devora partes do próprio corpo, sendo então levada para a Aldeia dos Mortos.
Sucaí, o Tupã da Friagem, é um exemplo fascinante de como as lendas indígenas encapsulam a sabedoria ancestral, explicando fenômenos naturais por meio da personificação das forças da natureza. Mais do que um mito, essa narrativa reforça a importância do respeito às tradições e à conexão espiritual com os elementos naturais. Nos tempos de frio intenso, a lembrança dessa lenda nos convida a refletir sobre a relação entre a vida e as adversidades do clima, além de destacar como a cultura e os mitos indígenas continuam a nos conectar com o passado e com a natureza. Sucaí é, portanto, mais do que uma lenda – é a representação viva da resistência humana diante da imensidão da natureza.
