Ritual indígena: Wayana- Apalai

Esse ritual, interpretado pelo Boi Caprichoso no ano de 2022, retrata que os povos Wayana e Apalai são integrantes de uma grande família linguística caribe, conhecidos por sua rica tradição cultural e forte vínculo com a natureza. Esses grupos habitam a região fronteiriça entre o Brasil, Suriname e a Guiana Francesa, principalmente ao longo dos rios Oiapoque e Araguari. Hoje, embora distintos por alguns aspectos culturais e geográficos, os Wayana e Apalai compartilham uma história ancestral que remonta a um passado distante, onde eram uma única nação.

Conta-se que, em tempos antigos, os Wayana e os Apalai eram um povo unido, mas as águas do Igarapé Axiki os separam, criando barreiras naturais entre suas aldeias. Essa divisão física gerou, ao longo dos anos, um clima de rivalidade entre as duas nações. A tensão entre elas era alimentada por mortes misteriosas de membros de cada grupo, e a desconfiança pairava sobre todos os envolvidos. No entanto, o verdadeiro responsável por esses eventos trágicos não eram nem os povos em si, mas sim Taluperê, uma fera mitológica de duas cabeças, que se alimentava do rancor e da divisão entre os dois povos.

Taluperê, descrita como uma criatura de proporções gigantescas, possuía uma arara mítica, mensageira do mal, que informava sobre os movimentos dos povos. Quando as nações Wayana e Apalai estavam prestes a se reunir e selar a paz, Taluperê sabia exatamente quando isso aconteceria, e com a ajuda de sua legião de seres malignos, preparava-se para desencadear a destruição.

O grande encontro entre as nações foi marcado como um momento de união e estreitamento dos laços, um ato simbólico para fortalecer as comunidades e acabar com as disputas. No entanto, essa reunião foi interrompida pela ferocidade de Taluperê, que surgiu com sua legião de entidades malignas para tentar impedir o encontro pacífico. Sob a liderança do pajé Apalai, um líder espiritual e xamã, os povos se uniram em uma batalha épica contra a fera e seus seguidores. Esse duelo foi uma luta pela sobrevivência e pela preservação das suas culturas e terras.

Ritual Indígena do Boi Caprichoso 2022 na segunda noite. Foto: Divulgação
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